sexta-feira, 23 de março de 2012

Dois representantes da Toesa, no RJ, dizem que só vão falar em juízo (Postado por Lucas Pinheiro)

Dois dos três representantes da Toesa que compareceram à sede da Polícia Federal, na Zona Portuária do Rio de Janeiro, na manhã desta sexta-feira (23), disseram que só vão falar em juízo. Eles foram convocados a depor sobre o escândalo das fraudes em licitações da saúde pública no estado.

Os depoimentos das outras quatro pessoas que estão sendo aguardadas para esta sexta-feira serão retomados às 15h.

O primeiro a chegar foi o presidente da empresa, Davi Gomes. Ele entrou por volta das 9h no prédio da Polícia Federal, e não falou com a imprensa. Davi aparece nas imagens gravadas pelo repórter Eduardo Faustini, para o Fantástico, negociando percentuais para fraudar uma licitação.

Pouco depois, de cabeça baixa e óculos escuros, chegou Cassiano Lima, gerente da Toesa. Nas imagens, ele é o que usa o termo "camisa" para definir os percentuais da negociação.

No início da tarde desta sexta-feira (23), por volta de 12h15, o diretor e o gerente da Locanty Soluções e Qualidade chegaram à sede da PF. Carlos Alberto Silva, diretor da empresa, e Carlos Sarres, gerente, chegaram acompanhados de uma advogada, mas não deram declarações à imprensa. Outras pessoas também serão ouvidas na segunda-feira (26), de acordo com a assessoria da Polícia Federal.

Após a denúncia, a Polícia Federal abriu quatro inquéritos para investigar crimes como fraudes em licitação, corrupção e formação de cartel. O delegado Antônio Carlos Beaubrun Júnior está à frente do caso.

Os depoimentos
Na quinta-feira (22), das sete pessoas convocadas para prestar depoimento, apenas duas compareceram. O sócio-diretor da Locanty Soluções e Qualidade, João Felippo Barreto, disse que nunca pagou propina a gestores públicos, que jamais participou de esquema ilegal e que ninguém está autorizado a fazer nada de errado em nome da empresa. Segundo a polícia, os advogados da Locanty se comprometeram a apresentar os convocados na sexta (23) e na segunda-feira (26).

Além de João Felippo Barreto, a gerente da Rufollo Serviços Técnicos e Construções, Renata Cavas, compareceu à sede da PF, mas preferiu se manter em silêncio e afirmou que só falará em juízo. Ela chegou acompanhada do advogado, ficou cerca de uma hora e meia e deixou o local por volta das 17h20, sem falar com a imprensa. Na reportagem do Fantástico, Renata aparece falando que negociar propina é "a ética do mercado".

Na quarta-feira (21), Adolfo Maia, presidente da Bella Vista Refeições Industriais, outra firma envolvida no escândalo, foi ouvido e também negou que sua empresa tenha feito qualquer pagamento de propina. De acordo com a PF, Adolfo afirmou em depoimento que Jorge Figueiredo, o homem que aparece nas gravações do Fantástico negociando propina, era autônomo, ou seja, não fazia parte dos quadros da empresa nem estaria autorizado a atuar em negociações com o setor público.

Além dele, também foram ouvidos o diretor do Instituto de Pediatria da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), Eduardo Migowski e o vice-diretor, Bruno Leite Moreira. Eles falaram sobre o motivo pelo qual abriram as portas do hospital para a reportagem do Fantástico.

“Queriam saber os motivos pelos quais a gente disponibilizou o espaço para a reportagem do Fantástico. Foi justamente porque a gente estava se sentindo lesado, com o prejuízo de R$ 120 mil”, explicou Migowski.

Demissão
A Locanty informou em nota que que já "demitiu por justa causa os funcionários citados na reportagem e que vai continuar colaborando para a rápida identificação dos responsáveis - agentes internos e externos de práticas lesivas e reprováveis sob todos os aspectos".

Já a Rufollo informou, em nota, que os funcionários que apareceram na reportagem do Fantástico já foram afastados até que todos os fatos sejam esclarecidos.

Em nota divulgada nesta quinta-feira (22), a assessoria da empresa cita a Constituição e pede que seja assegurado o direito ao contraditório. Mas a nota ignora que uma das pessoas que aparecem nos flagrantes feitos pela reportagem é Rúfolo Vilar, que se identifica como o dono da empresa.

Na reportagem do Fantástico, o repórter Eduardo Faustini, que se passa pelo gestor de compras, pediu a presença do dono da empresa para confirmar o pagamento da propina. Rúfolo Vilar vai ao hospital. Ele confirma que apesar de não estar no contrato social da Rufollo, é ele mesmo quem manda na empresa.

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Quem sou eu

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Médico Clínico e Sanitarista - Doutor em Saúde Pública - Coronel Reformado do Quadro de Dentistas do Exército. Autor dos livros "Sistemismo Ecológico Cibernético", "Sistemas, Ambiente e Mecanismos de Controle" e da Tese de Livre-Docência: "Profilaxia dos Acidentes de Trânsito" - Professor Adjunto IV da Faculdade de Medicina (UFF) - Disciplinas: Epidemiologia, Saúde Comunitária e Sistemas de Saúde. Professor Titular de Metodologia da Pesquisa Científica - Fundação Educacional Serra dos Órgãos (FESO). Presidete do Diretório Acadêmico da Faculdade Fluminense de Odontologia. Fundador do PDT, ao lado de Leonel Brizola, Darcy Ribeiro, Carlos Lupi, Wilson Fadul, Maria José Latgé, Eduardo Azeredo Costa, Alceu Colares, Trajano Ribeiro, Eduardo Chuy, Rosalda Paim e outros. Ex-Membro do Diretório Regional do PDT/RJ. Fundador do Movimento Verde do PDT/RJ. Foi Diretor-Geral do Departamento Geral de Higiene e Vigilância Sanitária, da Secretaria de Estado de Saúde e Higiene/RJ, durante todo o primeiro mandato do Governador Brizola.