Sobreviventes enfrentam sede, fome e desespero
População busca água e comida até na lama. Preços disparam com escassez de produtos
Rio - Além da dor de perder tudo, sobreviventes da tragédia que matou 550 pessoas passam fome e sede nas cidades da Região Serrana destruídas pela chuva. O drama de contar mortos e a procura por parentes parecem um trabalho interminável para os moradores, que enfrentam a pior catástrofe natural do Brasil. Muitos acessos estão bloqueados e comunidades, isoladas. Após a tragédia, os moradores enfrentam falta de comida, água, comunicação e a disparada de preços. Morador do bairro São Geraldo, em Friburgo, Rodrigo Svoboda, 25 anos, perdeu o irmão e está sem alimentos em casa. “A queda de barreira deixou o bairro ilhado. Tenho esperança de que, com maquinário, alimentos cheguem”, disse.
CHALÉS ISOLADOS
Em Vieira, terceiro distrito de Teresópolis, o cenário é devastador. Situada a 60 km do Centro, a comunidade estava ontem isolada, sem comunicação ou ajuda. Desesperada, a população passou a operar retroescavadeiras para desobstruir acessos.
>> FOTOGALERIA: Rastro de destruição em Friburgo e em Petrópolis
No ponto mais alto do distrito, rochas gigantescas rolaram dos morros e devastaram a área rural. A enxurrada destruiu a entrada do Hotel Fazenda São Moritz, que teve a sede e os chalés isolados da estrada por um rio formado pela correnteza. O distrito está sem energia elétrica, água potável, comunicação e comida desde o desastre.
Na casa do garçom Jorge Luiz Gonçalves, 43, a lama chegou a um metro de altura. “Morava aqui há 35 anos. Até o carro que estava na garagem foi levado pela enxurrada”, contou. Ontem, queda de barreira interditou a estrada que liga Itaipava, em Petrópolis, a Teresópolis. Motoristas devem seguir pela Rio-Magé. Até ontem às 22h, o número oficial de mortos era de 247 em Nova Friburgo, 231 em Teresópolis, 43 em Petrópolis, 18 em Sumidouro, e 2 em São José do Vale do Rio Preto.
Mercados já vendem alimentos racionados
Com uma série de consequências da destruição em Nova Friburgo está a fome. Sem alimentos e com cerca de 90% do comércio do município ainda fechados, a população tenta como pode suprir instintivamente a necessidade de comer.
No centro de Friburgo, apenas farmácias voltaram ao funcionamento normal. Na principal rua da cidade, em um dos poucos supermercados que abriram suas portas, ou melhor, meias portas, organizaram filas. Apenas duas pessoas podem entrar no estabelecimento por vez e comprar três itens alimentícios por pessoa até às 18h. Não há previsão para a retomada da rotina.
“É triste. Na minha casa, ainda tenho alimentos, mas não sei por quanto tempo. Essas pessoas perderam suas famílias e ainda têm que passar por isso”, lamenta a aposentada Gilda Knust, de 68 anos.
Deficientes de tudo, o município já está sem água potável e já falta alimento para os cerca de mil desalojados em abrigos. A prefeitura de Friburgo pede o envio de água, alimentos e material descartável.
Somente parte da casa resistiu ao deslizamento de uma encosta em Nova Friburgo | Foto: Divulgação
Em Teresópolis, devido à escassez de produtos, um galão de 20 litros de água, que custava R$ 10 antes da tragédia, agora vale R$ 40. O litro da gasolina, cujo preço médio é de R$ 2,76 no interior, chega a ser vendido por R$ 4.População tenta aproveitar mercadorias descartadas de uma enchente que invadiu um supermercado em Nova Friburgo | Foto: Deisi Rezende / Agência O Dia
Nas ruas, a cada monte de alimentos destruídos pela enxurrada e deixado de lado por lojas e supermercados, pessoas que se revezam na tentativa de conseguir um alimento com menos lama.CHALÉS ISOLADOS
Em Vieira, terceiro distrito de Teresópolis, o cenário é devastador. Situada a 60 km do Centro, a comunidade estava ontem isolada, sem comunicação ou ajuda. Desesperada, a população passou a operar retroescavadeiras para desobstruir acessos.
>> FOTOGALERIA: Rastro de destruição em Friburgo e em Petrópolis
No ponto mais alto do distrito, rochas gigantescas rolaram dos morros e devastaram a área rural. A enxurrada destruiu a entrada do Hotel Fazenda São Moritz, que teve a sede e os chalés isolados da estrada por um rio formado pela correnteza. O distrito está sem energia elétrica, água potável, comunicação e comida desde o desastre.
Na casa do garçom Jorge Luiz Gonçalves, 43, a lama chegou a um metro de altura. “Morava aqui há 35 anos. Até o carro que estava na garagem foi levado pela enxurrada”, contou. Ontem, queda de barreira interditou a estrada que liga Itaipava, em Petrópolis, a Teresópolis. Motoristas devem seguir pela Rio-Magé. Até ontem às 22h, o número oficial de mortos era de 247 em Nova Friburgo, 231 em Teresópolis, 43 em Petrópolis, 18 em Sumidouro, e 2 em São José do Vale do Rio Preto.
Mercados já vendem alimentos racionados
Com uma série de consequências da destruição em Nova Friburgo está a fome. Sem alimentos e com cerca de 90% do comércio do município ainda fechados, a população tenta como pode suprir instintivamente a necessidade de comer.
No centro de Friburgo, apenas farmácias voltaram ao funcionamento normal. Na principal rua da cidade, em um dos poucos supermercados que abriram suas portas, ou melhor, meias portas, organizaram filas. Apenas duas pessoas podem entrar no estabelecimento por vez e comprar três itens alimentícios por pessoa até às 18h. Não há previsão para a retomada da rotina.
“É triste. Na minha casa, ainda tenho alimentos, mas não sei por quanto tempo. Essas pessoas perderam suas famílias e ainda têm que passar por isso”, lamenta a aposentada Gilda Knust, de 68 anos.
Deficientes de tudo, o município já está sem água potável e já falta alimento para os cerca de mil desalojados em abrigos. A prefeitura de Friburgo pede o envio de água, alimentos e material descartável.
Nenhum comentário:
Postar um comentário