As marcas dos tiroteios estão estampadas nas paredes das casas na comunidade de Manguinhos, conhecida como a “Faixa de Gaza” do Rio de Janeiro e que foi ocupada no domingo (14) pelo Batalhão de Operações Policias Especiais (Bope) para a instalação de uma Unidade de Polícia Pacificadora (UPP).
E a lembrança dos combates entre os traficantes que dominavam a área e policiais também está presente na memória dos moradores, que temem o futuro da região após a pacificação.
“A população está quieta, assistindo ao hasteamento da bandeira (feito pelo Bope para marcar o domínio da área) sem empolgação porque ainda tem medo. Isso é a tomada. Entraram aqui agora. Mas como vai ser isso depois? A gente não sabe o que vai acontecer”, questiona Simone Cunha, de 35 anos, que possui uma pequena empreiteira que realiza obras na favela.
A proprietária de uma padaria, que pediu para não ser identificada, também demonstrou desconfiança.
“Hoje (domingo) eu nem dormi direito, estava apreensiva, pensando no que podia acontecer. Foi tudo calmo, mas não sabemos o que será o dia de amanhã. É esperar para ver”, afirma ela.
“Está todo mundo feliz, mas também preocupado sobre como a polícia vai interagir com a comunidade. O Bope fez o seu trabalho, mas e os policiais que vierem aqui depois, irão nos respeitar? Tivemos vários casos de invasões a residências sem mandado e a população nem sempre sabe seus direitos, sabe que tem o direito de reclamar, o direito de ir e vir”, acrescenta Simone Cunha.
A própria empreiteira disse já ter tido a casa invadida e revistada por policiais neste ano e entrou na Justiça pelo caso pedindo explicações.
“A noite aqui é sempre movimentada, tem forró, as crianças brincam, jogam futebol na rua. No sábado de noite (véspera da operação), tudo ficou deserto após as 21 horas. Ninguém sabia o que podia acontecer”, diz um aposentado de 66 anos.
“Muita coisa acontece aqui dentro, mas poucos falam. A gente não tem como provar, éramos acuados por eles (os traficantes)”, acrescenta o aposentado.
A empreiteira Simone Cunha mostra diversas marcas de tiros na Rua São Domingos, onde mora. Em 2011, segundo ela, um menino foi morto com um tiro no peito durante confronto entre criminosos e a PM. “Este beco aqui era o pior, só tinha confronto. Às vezes, a própria polícia, quando entrava aqui, começava a atirar primeiro. Aquele poste, nem sei como está de pé, de tanto tiro que levou”, aponta ela para um poste onde alguns cartazes de propaganda estão fixados.
Crianças esperam futuro melhor
Para os pequenos, a felicidade com a tomada da polícia na área está na liberdade de poder correr pelas ruas sem medo de ser atingido por tiros.
Dois garotos, de 9 e 10 anos, dizem que, com frequência, aulas eram suspensas porque os tiroteios começavam. “A diretora é muito medrosa, temia pela nossa segurança”, disse o garoto de 9 anos. “Quando começavam os tiros, eu me escondia debaixo da cama e orava. Pedia para Deus para proteger minha família”, relembra o menino.
“Eu acho que vai ser melhor para a gente (a presença do Bope no local). Eu vivia com medo, tia. Não quero ser policial nem bandido. Quero crescer e ser trabalhador”, diz o garoto de 10 anos, que vestia uma camiseta da seleção brasileira e sonha em ser advogado ou jogador de futebol.
Conquista nada fácil
Para o comandante do Bope, tenente-coronel René Gonçalves Alonso, a ocupação não pode ser considerada "fácil" apenas por ter sido realizada sem confronto.
"Não acho que foi fácil, foi uma conquista complicada. Há semanas estamos analisando e fazendo operações, hoje (domingo) é mais um marco, representa o território que estamos retomando", disse o oficial.
"Como estamos fazendo uma operação atrás da outra, acabamos adquirindo conhecimento, sabemos o caminho e assim vai cada vez mais rápido", acrescenta ele.
Para o comandante do Bope, a população de Manguinhos não tem o que temer. "O Bope vai ficar aqui, vamos localizar ainda muita coisa que deve estar escondida. Em seguida será instalada uma UPP, com policiais especializados. Vamos interagir com a comunidade. Eles estavam ansiosos, mas você vê que já estão se animando, vindo para as ruas, conversando com os policiais", aponta ele.
E a lembrança dos combates entre os traficantes que dominavam a área e policiais também está presente na memória dos moradores, que temem o futuro da região após a pacificação.
“A população está quieta, assistindo ao hasteamento da bandeira (feito pelo Bope para marcar o domínio da área) sem empolgação porque ainda tem medo. Isso é a tomada. Entraram aqui agora. Mas como vai ser isso depois? A gente não sabe o que vai acontecer”, questiona Simone Cunha, de 35 anos, que possui uma pequena empreiteira que realiza obras na favela.
A proprietária de uma padaria, que pediu para não ser identificada, também demonstrou desconfiança.
“Hoje (domingo) eu nem dormi direito, estava apreensiva, pensando no que podia acontecer. Foi tudo calmo, mas não sabemos o que será o dia de amanhã. É esperar para ver”, afirma ela.
“Está todo mundo feliz, mas também preocupado sobre como a polícia vai interagir com a comunidade. O Bope fez o seu trabalho, mas e os policiais que vierem aqui depois, irão nos respeitar? Tivemos vários casos de invasões a residências sem mandado e a população nem sempre sabe seus direitos, sabe que tem o direito de reclamar, o direito de ir e vir”, acrescenta Simone Cunha.
A própria empreiteira disse já ter tido a casa invadida e revistada por policiais neste ano e entrou na Justiça pelo caso pedindo explicações.
“A noite aqui é sempre movimentada, tem forró, as crianças brincam, jogam futebol na rua. No sábado de noite (véspera da operação), tudo ficou deserto após as 21 horas. Ninguém sabia o que podia acontecer”, diz um aposentado de 66 anos.
“Muita coisa acontece aqui dentro, mas poucos falam. A gente não tem como provar, éramos acuados por eles (os traficantes)”, acrescenta o aposentado.
A empreiteira Simone Cunha mostra diversas marcas de tiros na Rua São Domingos, onde mora. Em 2011, segundo ela, um menino foi morto com um tiro no peito durante confronto entre criminosos e a PM. “Este beco aqui era o pior, só tinha confronto. Às vezes, a própria polícia, quando entrava aqui, começava a atirar primeiro. Aquele poste, nem sei como está de pé, de tanto tiro que levou”, aponta ela para um poste onde alguns cartazes de propaganda estão fixados.
Crianças esperam futuro melhor
Para os pequenos, a felicidade com a tomada da polícia na área está na liberdade de poder correr pelas ruas sem medo de ser atingido por tiros.
Dois garotos, de 9 e 10 anos, dizem que, com frequência, aulas eram suspensas porque os tiroteios começavam. “A diretora é muito medrosa, temia pela nossa segurança”, disse o garoto de 9 anos. “Quando começavam os tiros, eu me escondia debaixo da cama e orava. Pedia para Deus para proteger minha família”, relembra o menino.
“Eu acho que vai ser melhor para a gente (a presença do Bope no local). Eu vivia com medo, tia. Não quero ser policial nem bandido. Quero crescer e ser trabalhador”, diz o garoto de 10 anos, que vestia uma camiseta da seleção brasileira e sonha em ser advogado ou jogador de futebol.
Conquista nada fácil
Para o comandante do Bope, tenente-coronel René Gonçalves Alonso, a ocupação não pode ser considerada "fácil" apenas por ter sido realizada sem confronto.
"Não acho que foi fácil, foi uma conquista complicada. Há semanas estamos analisando e fazendo operações, hoje (domingo) é mais um marco, representa o território que estamos retomando", disse o oficial.
"Como estamos fazendo uma operação atrás da outra, acabamos adquirindo conhecimento, sabemos o caminho e assim vai cada vez mais rápido", acrescenta ele.
Para o comandante do Bope, a população de Manguinhos não tem o que temer. "O Bope vai ficar aqui, vamos localizar ainda muita coisa que deve estar escondida. Em seguida será instalada uma UPP, com policiais especializados. Vamos interagir com a comunidade. Eles estavam ansiosos, mas você vê que já estão se animando, vindo para as ruas, conversando com os policiais", aponta ele.
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