domingo, 15 de dezembro de 2013

Lula desembarca do projeto de Cabral no Rio (Josias de Souza)

O desembarque de Lula do projeto político de Sérgio tornou-se uma operação a ser degustada. O encatamento de Lula pelo governador do Rio trincou. Mas o apreço que ainda nutre pelo personagem leva-o a caprichar na coreografia. Pelo alto, Lula estende uma mão para Cabral. Por baixo, puxa-lhe o tapete com a outra mão.
Cabral quer fazer do seu vice, Luiz Fernando ‘Pezão’ de Souza (PMDB), o próximo governador do Rio. Lula convenceu-se de que a impopularidade de Cabral faz de Pezão um candidato favorito a transformar um de seus opositores em sucessor de Cabral. Acha que pode ter chegado a hora do senador Lindbergh Farias (PT).
Há duas semanas, Lula mandou o PT do Rio adiar para depois do Carnaval a desocupação do governo de Cabral. Na quinta-feira, ao discursar na abertura do Congresso do PT, Lula levou a mão ao tapete. Disse aos militantes do PT que o escutavam: “Nossos adversários começam a ficar preocupados”.
Noutros tempos, disse Lula, o PT elegera simultaneamente os governadores do Acre, Matro Grosso do Sul e Rio Grande do Sul. “Agora, companheiros, eles olham pra nós e dizem: ‘puta merda, esses caras têm a possibilidade de ganhar São Paulo, Minas, Rio de Janeiro e ainda manter o Rio Grande do Sul.”
Assim, em público, foi a primeira vez que Lula incluiu o Rio no rol dos desafios de 2014 que o PT planeja enfrentar com um nome próprio na cabeça da chapa. Nessa perspectiva, ou o PMDB desiste de Pezão para apoiar Lindbergh ou o fio da aliança estadual com o PT será desligado da tomada.
Também a cúpula do PMDB federal passou a olhar de esguelha para Cabral. Os correligionários do governador avaliam que ele talvez devesse redescobrir o Rio. Reeleito em 2010 com os votos de dois terços do eleitorado, Cabral virou um governador odiado em três anos. Mas a ficha não lhe caiu.
Cabral informou ao partido que, além de empurrar Pezão, pretende disputar uma cadeira no Senado e cavar uma vaga para o filho na Câmara dos Deputados. “Um governo, mesmo impopular, pode muito”, disse um escorpião do PMDB. “Mas se Cabral quiser resolver o problema dele, o do filho e do Pezão, pode acabar não solucionando o problema de ninguém.”
Para o PMDB federal, Cabral renderia homenagens à lógica se considerasse a hipótese de exercer seu mandato até o final, desistindo da candidatura ao Senado. De resto, ajudaria se passasse um zíper nos lábios.

Nenhum comentário:

Arquivo do blog

Quem sou eu

Minha foto
Médico Clínico e Sanitarista - Doutor em Saúde Pública - Coronel Reformado do Quadro de Dentistas do Exército. Autor dos livros "Sistemismo Ecológico Cibernético", "Sistemas, Ambiente e Mecanismos de Controle" e da Tese de Livre-Docência: "Profilaxia dos Acidentes de Trânsito" - Professor Adjunto IV da Faculdade de Medicina (UFF) - Disciplinas: Epidemiologia, Saúde Comunitária e Sistemas de Saúde. Professor Titular de Metodologia da Pesquisa Científica - Fundação Educacional Serra dos Órgãos (FESO). Presidete do Diretório Acadêmico da Faculdade Fluminense de Odontologia. Fundador do PDT, ao lado de Leonel Brizola, Darcy Ribeiro, Carlos Lupi, Wilson Fadul, Maria José Latgé, Eduardo Azeredo Costa, Alceu Colares, Trajano Ribeiro, Eduardo Chuy, Rosalda Paim e outros. Ex-Membro do Diretório Regional do PDT/RJ. Fundador do Movimento Verde do PDT/RJ. Foi Diretor-Geral do Departamento Geral de Higiene e Vigilância Sanitária, da Secretaria de Estado de Saúde e Higiene/RJ, durante todo o primeiro mandato do Governador Brizola.