Foi enterrado nesta quinta-feira (26), no cemitério Parque Jardim Mesquita, em Édson Passos, na Baixada Fluminense, o corpo do sambista Dicró. O cantor morreu na noite desta quarta-feira (25), aos 66 anos, em um hospital de Magé, também na Baixada. O enterro reuniu cerca de 100 pessoas.
No fim, o funcionário do cemitério anuncia o número da cova, e os presentes se apressam em anotar, para jogar no bicho, claro: 11.678. "É peru", anunciam os conhecedores. Dicró não perderia a piada.
Ainda no velório, por volta das 15h, com o aumento do número de amigos e familiares, o caixão foi levado para uma tenda na área externa do cemitério, onde uma roda de samba em homenagem a Dicró começou ao som de "Domingo de Sol".
Muito abalada, a viúva Maria Madalena Silva de Oliveira, casada com Dicró há 45 anos e mãe de três dos quatro filhos dele, foi de poucas palavras: "Amava muito esse homem. Deus quis tirar ele de mim, fazer o quê? Não é mole. É triste", lamentou.
Dicró sofria de diabetes e de insuficiência renal. Depois de uma sessão de hemodiálise, ele passou mal em sua casa e foi levado para o hospital, onde sofreu um infarto e não resistiu. Em novembro passado, ele chegou a ser submetido a uma cirurgia para tratar uma inflamação na vesícula.
Apesar da doença, Dicró seguia fazendo shows. O último foi na segunda-feira, em Heliópolis. Outros oito, segundo o empresário Roberto Teixeira, estavam agendados e tiveram que ser cancelados. "Ouvi dizer que está uma festa no céu. Bezerra já armou a mesa, com cerveja, para receber ele. Moreira vai estar lá também", disse. Juntos, os dois fundaram o Instituto Sangue Bom, para auxiliar diabéticos e hipertensos. "Atendemos umas 500 pessoas por mês", explica Roberto.
Vida
"Era muito família, não deixava ninguém se desviar. Bobo com os filhos, amoroso com minha mãe. Vai deixar muita saudade", disse Jorge Luiz, 40, o caçula de três filhos do cantor que era conhecido por compor sambas bem-humorados, recheados de sátira e brincadeiras com as sogras. O filho mais velho, César, de 44 anos, também falou sobre o pai. "Nos shows ele alternava piadas entre as músicas. Eu já conhecia todas, mas ele contava de uma forma que eu ria sempre, mesmo assim".
As histórias da vida de Dicró em breve devem chegar às livrarias em uma biografia organizada pelo filho do meio, Roberto, de 42 anos, que também era empresário dele. "Dicró e salteado, as aventuras de um bom malandro" será lançado de forma independente, segundo Roberto, com letras de música, e entrevistas e causos do pai.
Carreira
Nascido em 14 de fevereiro de 1946, Carlos Roberto de Oliveira era conhecido por compor sambas bem-humorados, recheados de duplos sentidos, sátira e brincadeiras com as sogras, como nas músicas "A vaca da minha sogra" e "Bingo da sogra". "Eu adoro sogra. Se eu pudesse, tinha 10, minha mulher é que não deixa", costumava dizer.
O apelido veio da época em que era compositor de um bloco carnavalesco em Nilópolis e assinava as composições com as iniciais de seu nome "CRO". Ao darem o crédito dos sambas, diziam: "é de CRO", o que em pouco tempo se transformou em Dicró.
Na década de 1990, formou parceria com os sambistas Moreira da Silva (1902-2000) e Bezerra da Silva (1927-2005), encontro que resultou no álbum "Os 3 malandros in concert", em 1995.
O sambista nasceu em Mesquita, na Baixada Fluminense, mas sempre teve um carinho muito especial pelo bairro de Ramos, no subúrbio do Rio. Segundo ele, quando era pequeno, ia a pé de Mesquita até a praia de Ramos, pois não tinha dinheiro para pagar a passagem.
Para o sambista, essa era a razão pela qual incluiu Ramos em algumas de suas músicas. Quando a praia começou a ficar suja, Dicró chegou a organizar um abraço simbólico da população no entorno da praia.
O sambista lançou 12 discos em sua carreira. Um dos últimos CDs lançados por Dicró era vendido na rua, de mão em mão. O projeto, que é chamado "CD rua" e é de autoria do cantor Aguinaldo Timóteo, dá a possibilidade de o artista vender o disco a preço popular, o que, segundo Dicró, era mais justo com os seus fãs.
Em 2010, ele fez uma série de participações especiais no Fantástico como "supercorrespondente no mundo dos bacanas".
Em março daquele ano, teve uma crise de hipertensão e foi internado. Depois de ter alta, declarou ao Canal F do Fantástico: "Não morri, não. Estou aí, duro na queda. Só estranhei uma coisa: andei de jatinho, de navio luxuoso, de limusine, de Ferrari e, de repente, quando eu me dou conta estou dentro de uma ambulância. Sabia que eu era gordo, cachaceiro e mentiroso, e diabetes eu descobri há pouco tempo. Cheguei no hospital, e os caras me internaram. Forçando uma barra: parei de beber e parei de fumar. Eu só nao consigo parar de mentir".
No fim, o funcionário do cemitério anuncia o número da cova, e os presentes se apressam em anotar, para jogar no bicho, claro: 11.678. "É peru", anunciam os conhecedores. Dicró não perderia a piada.
Ainda no velório, por volta das 15h, com o aumento do número de amigos e familiares, o caixão foi levado para uma tenda na área externa do cemitério, onde uma roda de samba em homenagem a Dicró começou ao som de "Domingo de Sol".
Muito abalada, a viúva Maria Madalena Silva de Oliveira, casada com Dicró há 45 anos e mãe de três dos quatro filhos dele, foi de poucas palavras: "Amava muito esse homem. Deus quis tirar ele de mim, fazer o quê? Não é mole. É triste", lamentou.
Dicró sofria de diabetes e de insuficiência renal. Depois de uma sessão de hemodiálise, ele passou mal em sua casa e foi levado para o hospital, onde sofreu um infarto e não resistiu. Em novembro passado, ele chegou a ser submetido a uma cirurgia para tratar uma inflamação na vesícula.
Apesar da doença, Dicró seguia fazendo shows. O último foi na segunda-feira, em Heliópolis. Outros oito, segundo o empresário Roberto Teixeira, estavam agendados e tiveram que ser cancelados. "Ouvi dizer que está uma festa no céu. Bezerra já armou a mesa, com cerveja, para receber ele. Moreira vai estar lá também", disse. Juntos, os dois fundaram o Instituto Sangue Bom, para auxiliar diabéticos e hipertensos. "Atendemos umas 500 pessoas por mês", explica Roberto.
Vida
"Era muito família, não deixava ninguém se desviar. Bobo com os filhos, amoroso com minha mãe. Vai deixar muita saudade", disse Jorge Luiz, 40, o caçula de três filhos do cantor que era conhecido por compor sambas bem-humorados, recheados de sátira e brincadeiras com as sogras. O filho mais velho, César, de 44 anos, também falou sobre o pai. "Nos shows ele alternava piadas entre as músicas. Eu já conhecia todas, mas ele contava de uma forma que eu ria sempre, mesmo assim".
As histórias da vida de Dicró em breve devem chegar às livrarias em uma biografia organizada pelo filho do meio, Roberto, de 42 anos, que também era empresário dele. "Dicró e salteado, as aventuras de um bom malandro" será lançado de forma independente, segundo Roberto, com letras de música, e entrevistas e causos do pai.
Carreira
Nascido em 14 de fevereiro de 1946, Carlos Roberto de Oliveira era conhecido por compor sambas bem-humorados, recheados de duplos sentidos, sátira e brincadeiras com as sogras, como nas músicas "A vaca da minha sogra" e "Bingo da sogra". "Eu adoro sogra. Se eu pudesse, tinha 10, minha mulher é que não deixa", costumava dizer.
O apelido veio da época em que era compositor de um bloco carnavalesco em Nilópolis e assinava as composições com as iniciais de seu nome "CRO". Ao darem o crédito dos sambas, diziam: "é de CRO", o que em pouco tempo se transformou em Dicró.
Na década de 1990, formou parceria com os sambistas Moreira da Silva (1902-2000) e Bezerra da Silva (1927-2005), encontro que resultou no álbum "Os 3 malandros in concert", em 1995.
O sambista nasceu em Mesquita, na Baixada Fluminense, mas sempre teve um carinho muito especial pelo bairro de Ramos, no subúrbio do Rio. Segundo ele, quando era pequeno, ia a pé de Mesquita até a praia de Ramos, pois não tinha dinheiro para pagar a passagem.
Para o sambista, essa era a razão pela qual incluiu Ramos em algumas de suas músicas. Quando a praia começou a ficar suja, Dicró chegou a organizar um abraço simbólico da população no entorno da praia.
O sambista lançou 12 discos em sua carreira. Um dos últimos CDs lançados por Dicró era vendido na rua, de mão em mão. O projeto, que é chamado "CD rua" e é de autoria do cantor Aguinaldo Timóteo, dá a possibilidade de o artista vender o disco a preço popular, o que, segundo Dicró, era mais justo com os seus fãs.
Em 2010, ele fez uma série de participações especiais no Fantástico como "supercorrespondente no mundo dos bacanas".
Em março daquele ano, teve uma crise de hipertensão e foi internado. Depois de ter alta, declarou ao Canal F do Fantástico: "Não morri, não. Estou aí, duro na queda. Só estranhei uma coisa: andei de jatinho, de navio luxuoso, de limusine, de Ferrari e, de repente, quando eu me dou conta estou dentro de uma ambulância. Sabia que eu era gordo, cachaceiro e mentiroso, e diabetes eu descobri há pouco tempo. Cheguei no hospital, e os caras me internaram. Forçando uma barra: parei de beber e parei de fumar. Eu só nao consigo parar de mentir".
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